27/04/2012

O novo código florestal foi aprovado no Congresso. Será que só os deputados foram responsáveis?



O conteúdo abaixo foi produzido pelo Rio+Veg, formado por ativistas de conhecidas ONGs brasileiras e por ativistas independentes

Foi aprovado, nessa quarta-feira, o novo código florestal brasileiro. Prontamente, ambientalistas e diversas vertentes da sociedade civil se manifestaram contra e exigiram o veto da presidenta Dilma, que pode ratifica-lo ou não. Muitos foram os argumentos utilizados por esses atores, entre eles a comunidade científica, para desqualificar a nova lei ambiental brasileira: Anistia ao desmatamento; Retrocesso da legislação ambiental; Vitória dos ruralistas e do poder econômico; Ataque à biodiversidade; Descaso com as metas de clima; Afronta à Rio+20; Desrespeito à ciência… Junto com as diversas críticas colocadas, em sua maior parte pertinentes, não demorou para que os culpados fossem apontados: os deputados que votaram a favor e o agronegócio brasileiro. Lindo, já temos os nossos vilões! Será mesmo?
Todo mundo sabe que a aprovação do novo Código Florestal, com todas as suas permissividades, teve como objetivo legalizar a expansão das fronteiras agrícolas que já vem ocorrendo no Brasil. O que nem sempre se fala é que, na verdade, o grande motivador é uma expansão em específico: A expansão da pecuária. Estudo divulgado pelo governo ano passado demonstra que a pecuária respondeu por 62% dos 719,2 mil quilômetros quadrados desflorestados na Amazônia. Segundo o relatório do Greenpeace, publicado em 2008, o desmatamento da Amazônia é responsável por 14% do desmatamento global anual. Isso sem incluir o desmatamento da soja, uma vez que, segundo a FAO, os pastos e as terras usadas para produção de ração compreendem quase 80% de toda a terra agrícola. Com toda essa devastação, não é de se espantar que a pecuária seja, hoje, o maior vetor do aquecimento global, emitindo 18% dos gases de efeito estufa (GEEs) no mundo e sendo responsável por cerca de 50% das emissões brasileiras.
Essa conjuntura se torna mais preocupante quando somos 7 bilhões de pessoas no mundo, com a perspectiva de atingirmos 9 bilhões em 2050, e o consumo de carne/per capita continua aumentando. Aumento esse que leva ao revoltante dado de hoje termos mais pessoas obesas no mundo do que pessoas que passam fome… O agronegócio não está aumentando sua produção por acaso, mas sim por haver aumento da demanda. Por isso, hoje, quando você for fazer suas refeições, reflita: Será que eu também não sou responsável pela aprovação do novo Código Florestal?



Publicado no site Vista-se em 27/04/2012